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Foto do escritorLuan Radney

Como o Pink Floyd redefiniu os parâmetros do rock com “The Dark Side of the Moon”


Banda progressiva cult fez o terceiro disco mais vendido da história e criou um ícone incontestável da cultura ocidental.


“The Dark Side of the Moon”, do Pink Floyd. O álbum mais icônico da história. Um sucesso tão grande e longevo que a Billboard precisou rever as regras das paradas após ele passar 15 anos entrando e saindo da lista de discos mais vendidos.


Um documento do mal-estar geral da sociedade após o sonho dos anos 1960 descambar em guerra, corrupção política e uma onda de conservadorismo e materialismo desenfreado. Acima de tudo, uma obra de extrema empatia, que catapultou uma banda cult sem o menor apoio da gravadora para o status de maior artista do planeta.


Vamos viajar ao lado escuro da lua.



Período de busca


O Pink Floyd havia sido formado em torno do talento de composição do líder Syd Barrett. Quando esse sucumbiu a um coquetel de drogas pesadas, pressões do sucesso e doença mental, o grupo se viu acéfalo.


O guitarrista e vocalista David Gilmour assumiu a vaga de Syd, mas a banda não tinha mais uma estrela para o resto orbitar em torno. Eles decidiram, então, explorar os aspectos mais experimentais de seu som.


Ao contrário da grande maioria de outros grupos englobados pelo rótulo rock progressivo, o Pink Floyd não tinha músicos virtuosos, capazes de tocar qualquer coisa. Então, as viagens sonoras da banda não eram calcadas em solos mirabolantes. Clima era a coisa mais importante.


Nos shows, eles improvisavam em cima de uma sequência de acordes geralmente com variação modal, inspirados pelo jazz de Miles Davis. Eles se tornaram um ato preferido da galera fã da alface elétrica, mas em disco ainda não pareciam ter encontrado foco.


Os discos “Ummagumma” (1969) e “Atom Heart Mother” (1970) foram sucessos de vendas, mas demonstraram uma banda incapaz de encontrar consistência entre suas apresentações ao vivo e o ambiente de estúdio. Anos depois, os integrantes chegaram a deserdar “Atom Heart Mother”, insatisfeitos com o álbum em retrospecto.



Pink Floyd sem foco


Durante as gravações de “Meddle”, o sucessor de “Atom Heart Mother”, o Pink Floyd parecia estar na mesma, sem rumo. O grupo havia deixado Abbey Road em favor do AIR Studios, em West Hampstead, por este contar com uma mesa de som de 16 canais. Eles tinham esboços, mas nada concreto.


Ainda por cima, a combinação de tecnologia de ponta e falta de supervisão não ajudavam a fazer o grupo se focar, como o engenheiro de som John Leckie contou para John Harris no livro “The Dark Side of the Moon”:

“Nada era feito. Não tinha contato algum da gravadora, exceto quando o gerente deles da gravadora aparecia aqui e ali com algumas garrafas de vinho e uns baseados.”

O Pink Floyd explorou várias abordagens de gravação, incluindo a estratégia inusitada de fazer cada integrante gravar separado sem saber o que o resto estava tocando. Só sabiam o tempo e a sequência de acordes. Não deu certo.


Aos poucos, o grupo foi deixando essas palhaçadas de lado e encontrou algo. Um piano tocado através de um amplificador Leslie – que usa alto-falantes rotativos para criar a modulação natural do efeito Doppler – junto com uma frase de guitarra de David Gilmour e o som criado quando o guitarrista ligou seu pedal de wah ao contrário por acidente.


Nascia “Echoes”. Apesar de sua temática submarina, a letra mostrava o começo da preocupação do Floyd com o mundo exterior. Pararam de olhar para o próprio umbigo e viram o próximo.



No episódio da série “Classic Albums” de “The Dark Side of the Moon”, o baixista e vocalista Roger Waters disse sobre a música:


“Era o começo de compormos sobre outras pessoas. Era o começo da empatia, por assim dizer. ‘Dois estranhos se passando na rua, por chance dois olhares se encontram, e eu sou você e o que eu vejo sou eu…’ é meio que um fio passando por tudo para mim desde então.”


Um conceito


“Meddle” foi lançado em 30 de outubro de 1971 e atingiu a terceira posição nas paradas inglesas, mas o Pink Floyd ainda era virtualmente desconhecido nos Estados Unidos. Após uma turnê, Roger Waters tinha esboços de músicas, além do desejo de fazer o próximo disco em torno de um conceito único.


Em “Inside Out – Minha história com o Pink Floyd”, o baterista Nick Mason escreve sobre a reunião em que a banda começou a discutir “The Dark Side of the Moon”:


“Além das músicas de Roger, tínhamos vários fragmentos de ensaios anteriores, além de vários itens mais desenvolvidos. Mas não havia um tema coerente para ajudar Roger a desenvolver seu trabalho inicial. Enquanto nós conversávamos, o assunto de estresse emergiu como um fio condutor, apesar que na época não estávamos passando por nenhuma angústia em particular – era, na realidade, um dos períodos mais estáveis de nossas vidas domésticas. Mesmo assim, apesar dessa estabilidade, nós montamos uma lista das dificuldades e pressões da vida moderna que nós em particular reconhecemos. Prazos, viagens, o estresse de voar de avião, o apelo de dinheiro, medo de morrer e problemas com instabilidade mental evoluindo para loucura… armado com essa lista, Roger foi trabalhar nas letras.”

Na parte musical, o grupo decidiu reaproveitar duas peças compostas pelo tecladista Richard Wright para a trilha de “Zabriskie Point”, dirigido por Michelangelo Antonioni, mas eventualmente não usadas no filme final.


Ambas as composições faz uso de acordes tirados pelo tecladista de “Kind of Blue”, obra prima de Miles Davis. No caso, são versões suspensas de acordes, sem características de tom maior ou menor, fazendo a música parecer flutuar.


Uma delas se tornou “Us and Them”. A outra, o grupo estava encontrando dificuldades para encaixar no resto do disco. Nenhuma letra parecia encaixar, então decidiram deixá-la instrumental. Sua sequência de acordes, contudo, era um tom diferente do resto da maioria do álbum. A solução foi transformá-la no final do primeiro lado do LP, uma faixa simbolizando morte. Mas algo ainda faltava. Daqui alguns parágrafos, você irá descobrir o quê.


A versão inicial de “The Dark Side of the Moon” estreou ao vivo em fevereiro de 1972, com o subtítulo “A Piece for Assorted Lunatics”, em uma apresentação cheia de problemas técnicos na cidade de Brighton. Sintetizadores e sequenciadores não funcionaram, luzes sincronizadas idem. Mesmo assim, puderam apresentar seu material novo.




Eles caíram na estrada com esse espetáculo, refinando as canções, entre fevereiro e maio de 1972. Fizeram apenas uma pequena pausa apenas para compor e gravar o disco “Obscured by Clouds”, que serviria de trilha para o filme “A colina sagrada”, de Barbet Schroeder.


Na última semana de maio, o Pink Floyd finalmente entrou em Abbey Road – estúdio agora armado de uma mesa de 16 canais – para trabalhar na gravação do que viria a ser “The Dark Side of the Moon”.


Pink Floyd brinca com fita


O Pink Floyd começou as sessões da mesma forma que nos discos anteriores: improvisando em cima do material composto. Contudo, segundo o engenheiro de som Alan Parsons para o livro “Nos Bastidores do Pink Floyd”, de Mark Blake, algo estava diferente:

“Eles chegavam ao estúdio sem a menor ideia do que iam fazer e apenas começavam a improvisar. Mas o período de improvisação havia se tornado definitivamente mais estruturado na época de ‘The Dark Side of the Moon’, principalmente porque eles vinham tocando esse disco ao vivo. Não precisavam ficar burilando demais as composições. Foi uma excelente peça musical que eu vi ganhando vida.”


Uma das demos feitas por Roger Waters antes da turnê, criada em torno de uma montagem de som de sete partes composta por barulhos de moedas e caixas registradoras, evoluiu para se tornar “Money”, um dos singles de rock mais famosos de todos os tempos – seja por sua temática ou pelo tempo incomum de 7/4, por consequência da colagem.


A outra demo veio a se tornar “Time”, uma meditação sobre a passagem implacável do tempo. A faixa contava com algo que se tornava cada vez mais uma das marcas registradas do Pink Floyd: um solo incandescente de guitarra, cortesia de David Gilmour.




“Time” no final ainda se revela parte de uma suite, transicionando de volta para “Breathe”, segunda faixa do álbum. E aí chega a hora da peça até então apelidada “The Mortality Sequence”, aquela composição de Richard Wright inicialmente instrumental que fecha o primeiro lado do disco.


Durante a turnê, a banda lia passagens da Bíblia por cima da tal “The Mortality Sequence”, mas isso se provou insuficiente. Alan Parsons conta em “Nos Bastidores do Pink Floyd” que fez uma versão com gravações de astronautas e áudios da Nasa, mas o resto do grupo detestou o resultado. Precisaram apertar o botão de pausa nessa faixa enquanto saíam novamente em turnê.


O coração de “The Dark Side of the Moon”


Apesar de serem uma banda de sucesso no Reino Unido e um ato ao vivo bastante procurado pelo mundo, o Pink Floyd ainda tinha uma relação muito ruim com a EMI e a Capitol, devido aos custos elevados das gravações e turnês. Além disso, eles não conseguiam o essencial para a indústria musical da época: emplacar um hit nos Estados Unidos.


Isso mudou inesperadamente com “Obscured by Clouds”, que atingiu a 46ª posição nos EUA, a primeira aparição do Pink Floyd nas paradas americanas. De repente, o grupo se viu numa posição de relativa evidência e seus integrantes isso para criar mais antecipação, tocando as canções de “The Dark Side of the Moon” em uma turnê de 14 shows pelo território americano.


A banda retornou ao estúdio e avançou em três canções: “On the Run”, “Any Colour You Like” e “Brain Damage”. Enquanto as duas primeiras são mais peças transicionais baseadas em sintetizadores VCS3 ou jams ao vivo, respectivamente, a última é talvez o coração do disco.



Roger Waters até então não havia cantado em nenhuma faixa do disco, deixando Gilmour e Wright encarregados. Mas nessa, o baixista oferece uma letra emocionada em homenagem a Syd Barrett, como ele fala em “Nos Bastidores do Pink Floyd”:


“Quando digo ‘I’ll see you on the dark side of the moon’, o que quero dizer é: ‘se você sentir que está sozinho, que parece louco porque todas as coisas são loucas, você nãoestá sozinho’. Há certa camaradagem envolvida na ideia de pessoas que estão prontas para caminhar sozinhas em lugares escuros. Alguns de nós estão dispostos a se abrir para todas essas possibilidades. Você não está só!”


Camadas extras e um vocal de arrasar


Durante sessões em janeiro de 1973, Roger Waters decidiu adicionar uma camada extra ao disco, escrevendo uma série de perguntas e entrevistando várias pessoas em Abbey Road acerca das pressões do dia a dia.


Curiosamente, uma das pessoas entrevistadas foi Paul McCartney, que teve suas respostas descartadas por Waters tê-las considerado felizes demais. O guitarrista do Wings, Henry McCullough, aparece antes de “Money” falando as palavras “I don’t know; I was really drunk at the time” [“Eu não sei, estava muito bêbado na hora”], tirada de uma história sobre uma briga dele com a esposa na noite anterior.


Contudo, as respostas mais marcantes pertenceram a pessoas dos bastidores. Chris Adamson, roadie de longa data do Pink Floyd, contribuiu com a fala que abre o álbum:

“I’ve been mad for fucking years – absolutely years.” [“Estou louco há anos – absolutamente anos.”]


E se tem uma estrela desse aspecto de “The Dark Side of the Moon”, é Gerry O’Driscoll, o porteiro irlandês de Abbey Road. Ele é responsável por fechar o álbum com:

“There is no dark side in the moon, really. As a matter of fact it’s all dark.” [“Não existe lado escuro da lua. Pra falar a verdade, é tudo escuro.”]

Além disso, ele contribui com a seguinte frase usada em “The Mortality Sequence”, agora nomeada “The Great Gig in the Sky”.

“I am not frightened of dying. Any time will do: I don’t mind. Why should I be frightened of dying? There’s no reason for it – you’ve got to go sometime.” [“Eu não tenho medo de morrer. Qualquer hora vai acontecer: eu não ligo. Por que eu deveria ter medo de morrer? Não tem razão para isso – você precisa ir alguma hora.”]

A banda ainda estava quebrando a cabeça com essa música, mesmo na reta final do processo. Enquanto Chris Thomas mixava o álbum, Alan Parsons decidiu uma última tentativa para dar algo a mais para a faixa: chamar a vocalista Clare Torry.


Em “Nos Bastidores do Pink Floyd”, ela contou sobre ter sido abordada para participar do disco:

“Havia um colega que trabalhava no Abbey Road chamado Dennis. O Dennis pagava todos os músicos. Ele deu meu número a Alan. Mas quando ele me telefonou, eu disse que não podia fazer. Sequer sabia qual era o trabalho. Era sexta-feira à noite e disse que estava trabalhando. Mas foi mentira, porque eu estava indo com meu namorado na época assistir ao Chuck Berry no Hammersmith Odeon, e não queria perder aquilo. Sugeri domingo à noite e eles concordaram. Perguntei para quem seria e Alan respondeu que era o Pink Floyd. Eu disse: ‘tá!’. Não era grande fã da banda.”


Torry já era uma cantora veterana, tendo gravado várias covers em Abbey Road. Quando ela finalmente apareceu no estúdio dia 21 de janeiro de 1973, o briefing da sessão não foi encorajador. A artista conta:

“Eles explicaram que o álbum era sobre nascimento, todas as m#rdas que você passa na vida, e então a morte. Achei que era algo pretensioso. Claro, não lhes disse isso, engoli as palavras. Acho um disco maravilhoso. Tocaram a faixa para mim, mas quando perguntei o que queriam fazer, eles pareciam não saber.”

Na primeira tentativa, Clare tentou um vocal mais pop tradicional. O resultado foi rejeitado na hora. A cantora então foi incentivada por Gilmour, comandando a sessão, a se abrir mais, explorar os limites das notas e sua voz.


A direção que ela recebeu foi pensar na morte enquanto cantava. Na quarta tentativa, Torry entregou uma das performances vocais mais impressionantes da história do rock. Agora sim era “The Great Gig in the Sky” como conhecemos.


Mesmo assim, ela ainda achava que tinha feito besteira e que o material seria dispensado. A culpa disso é da frieza do Pink Floyd no estúdio. Eles não deram feedback algum.




Símbolos de poder


Terminado “The Dark Side of the Moon”, era hora de selecionar a arte, como sempre a cargo da Hipgnosis – dupla de designers formada por Storm Thorgerson e Aubrey Powell.


Thorgerson havia encontrado em um livro de física a foto de um raio de luz branca sendo refratado por um prisma, revelando as cores do arco íris. A imagem o lembrou de um trabalho feito por Alex Steinweiss, inventor da arte de capa moderna, para uma gravação de Rudolph Serkin e a Filarmônica de Nova York tocando o “Emperor Concerto” de Beethoven.


A Hipgnosis se aliou ao ilustrador e designer gráfico George Hardie para criar a ilustração do prisma, uma das capas mais icônicas da história do rock. No interior do encarte, além de fotos da banda ao vivo, apareciam as grandes pirâmides, símbolos de ambição e poder.


Considerando como o disco tratava sobre temas relacionados a materialismo e o efeito negativo deste na sociedade, a imagem das pirâmides foi algo que, quando Thorgerson ofereceu ideias para a identidade visual do álbum, todos os integrantes concordaram precisar fazer parte.


Na hora de apresentar o disco à imprensa, a banda não apareceu. Em vez disso, o evento no London Planetarium teve a presença de quatro recortes de papelão carregando a imagem de cada integrante, enquanto uma versão estéreo do álbum tocou num sistema de som de baixa qualidade.




Sucesso e legado


Apesar disso, a resposta da crítica foi efusiva. “The Dark Side of the Moon” foi lançado nos Estados Unidos dia 1º de março de 1973. Recebeu disco de ouro um mês depois e chegou ao topo das paradas americanas em 28 de abril. Só ficou no primeiro lugar por uma semana, mas tem a distinção de ser o álbum com maior longevidade da história do ranking.


Ao todo, foram 736 semanas não-consecutivas na parada de álbuns da Billboard. Chegou ao ponto da publicação ter que mudar suas regras para excluir obras consideradas de catálogo. Quando uma lista específica para esse tipo de trabalho foi criada em 1991, lá estava “The Dark Side of the Moon”, que permaneceu na lista pelos próximos dez anos.


O Pink Floyd se tornou imensamente rico por causa do sucesso de “The Dark Side of the Moon” e o peso das expectativas só aumentou em suas mentes. Apesar da espera por seu sucessor “Wish You Were Here” ter sido apenas dois anos, as histórias sobre o processo do disco fazem parecer décadas entre lançamentos.


Enquanto isso, embora os lançamentos subsequentes tenham sido extremamente bem-sucedidos (“The Wall” também registra números impressionantes) e o grupo se cimentado como um dos maiores da história do rock, “The Dark Side of the Moon” continua um monolito.


Uma obra que conseguiu a façanha de sair no momento certo e permanecer atemporal. Um disco cabeça com momentos dotados de sensibilidade pop ímpar. Metido a besta, mas transbordando de tanta compaixão. Um símbolo da introspecção dos anos 1970, ainda que lotado de excessos. Ícone da cultura de drogas, apesar de lidar com os efeitos negativos delas.


É o terceiro disco mais vendido da história, com 45 milhões de cópias comercializadas, segundo estimativas. Uma parte insubstituível da cultura ocidental.




Pink Floyd – “The Dark Side of the Moon”



  • Lançado em 1º de março de 1973 pela Harvest Records / EMI.

  • Produzido pelo Pink Floyd.

Faixas:

  1. Speak to Me

  2. Breathe (In the Air)

  3. On the Run

  4. Time

  5. The Great Gig in the Sky

  6. Money

  7. Us and Them

  8. Any Colour You Like

  9. Brain Damage

  10. Eclipse

Músicos:

  • David Gilmour (vocal, guitarra, sintetizadores)

  • Nick Mason (bateria, percussão, efeitos de fita)

  • Roger Waters (baixo, vocal, VCS 3, efeitos de fita)

  • Richard Wright (órgão Hammond e Farfisa, piano, piano elétrico (Wurlitzer, Rhodes), EMS VCS 3, sintetizadores, vocal)

Músicos adicionais:

  • Dick Parry (saxofone nas faixas 6 e 7)

  • Clare Torry (vocal na faixa 5)

  • Doris Troy (backing vocals)

  • Lesley Duncan (backing vocals)

  • Liza Strike (backing vocals)

  • Barry St. John (backing vocals)


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